OS ROSACRUZES NO CORAÇÃO DE GOIÁS


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O PRONAOS ROSACRUZ GOIÂNIA

Estrutura do Templo das Mãos Postas da Loja Rosacruz Goiânia

Para falar do início dos Pronaos, é importante começar pela maneira como as pessoas tomavam conhecimento da existência da Ordem Rosacruz na década de 50 e 60. O recurso de divulgação mais utilizado era o contato direto, boca a boca, e o anúncio em revistas, a Manchete que era a mais lida, ou em jornal. Pode-se ter uma ideia clara desse contexto pela entrevista feita em 1983 com três membros fundadores: Eu próprio quando fui admitido, foi através de um membro de Curitiba, porque não conhecia em Goiânia ninguém. Posteriormente é que fui conhecer o Azarias, a Terezinha e o Felisberto. Então ele me mandou folhetos de Curitiba... e passei a conhecer a Ordem Rosacruz. Depois vim pra Goiânia, ele me mandou folhetos de lá. (Sinfrônio Souza Filho)

O meu marido chegou perto do Frater Felisberto, os dois eram muito amigos, e o Azarias achou interessante um distintivo na lapela da camisa, e o Azarias disse: “que time de futebol é esse?” Aí o José Felisberto respondeu: “Não isso aqui não é um distintivo de time nenhum, é uma coisa muito mais profunda”. ... Veio a curiosidade de perguntar e o Felisberto disse: “É uma Fraternidade. Por que então você não entra? Você vai ali, olha na Manchete que te dá mais detalhes, você vai saber detalhes sobre esse distintivo aqui” ... então tivemos a curiosidade de escrever pra Grande Loja; nós escrevemos uma carta pedindo nossa afiliação e logo daí um mês mais ou menos, chegou. E foi a nossa alegria de então, entrar e ser afiliado à Ordem Rosacruz. (Terezinha Ferreira Marques)

A primeira vez que eu ouvi falar na Ordem Rosacruz foi por intermédio do meu amigo... Dante Rugane, de Uberlândia. Ele um dia me convidou... mostrou que existia em San José um fraternidade, fazia propaganda desse lugar, e disse que ela já estava funcionando no Brasil de 1955 pra cá. Isso que ele me falou em 1957, e a primeira pergunta que fiz: Isso não é espiritismo não? “Ah, deixa de ser bobo, espiritismo tem pra tudo que é lado, isso é fraternidade esotérica, filosófica”. Ah, então eu quero! Daí um mês... ele me chamou e me deu um folheto. Eu preenchi esse folheto e mandei. Nesse tempo eu já morava aqui em Goiânia, quando recebi o folheto... em abril de 1957. (José Felisberto Filho)

Desde que entrou para Ordem Rosacruz, o Frater Felisberto já cultivava o desejo de ter um Organismo Afiliado por perto. Em 1958 acompanhado do Frater Dante Rogane, ele esteve pela primeira vez na Grande Loja, que funcionava no Rio de Janeiro. Os dois foram prestar serviço, uma vez que a Grande Loja não contava com funcionários. Era costume os Membros aparecerem para cooperar com o serviço, e no caso deles, foram ajudar a selar os pacotes de monografia para que fossem postados no correio. Foi então que conheceu o trio dos fundadores da Grande Loja do Brasil, Oscar Paulo e Maria. Nesse momento, já procurou se informar sobre o que seria necessário para fundar um Pronaos em Goiânia. Voltou algumas vezes à Grande Loja, para iniciações, na Convenção de 64, também visando dar início ao núcleo rosacruz em sua cidade.
Felisberto trabalhava com o Azarias, os dois eram pilotos, que também se afiliou a AMORC juntamente com sua esposa Terezinha. Os três encaminharam uma carta pedindo formalmente instruções para a formação de um Pronaos. A Grande Loja retornou enviando as instruções, orientando para que entrassem em contato e reunissem os membros ativos da cidade para uma reunião.

 

Centro de Irradiação Mental Tattwa Jesus Cristo filiado ao Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento

A primeira reunião dos membros, convocados por carta, aconteceu no dia 07 de setembro de 1964, no Bairro Popular, em frente ao Colégio 5 de Julho, no Salão da Comunhão do Pensamento (Centro de Irradiação Mental Tattwa Jesus Cristo - Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento). Desse primeiro encontro não foi encontrado registro ou assinaturas. No dia 08 de outubro de 1964, nove membros se reuniram de novo, possivelmente para planejamento dos trabalho ritualísticos do Pronaos, registrando desta vez o encontro, o que deu origem ao primeiro documento e à data de fundação do Pronaos Rosacruz Goiânia.
O Frater Felisberto alugou um local por 50 cruzeiros antigos, e a primeira sede do Pronaos foi instalado à rua 24 nº 83, 1º andar, sala 7, no centro de Goiânia. Para compor o mobiliário cada membro doou uma cadeira num total de 24 cadeiras; o Frater Azarias confeccionou a cruz, os castiçais o gongo de madeira, e a Soror Terezinha providenciou as cortinas.

Em 18 de outubro de 1964, Ano Rosacruz 3.317, o Frater José Felisberto Filho conduziu como Mestre a primeira Convocação Ritualística, juntamente com os oficiais: Secretário Frater Frederico Kotke e Guardião Frater Cristovão Vieira de Morais. Transcrevemos aqui o registro desse dia, que lamentavelmente pelas marcas do tempo, não permaneceram totalmente legíveis:

Abertura

Hoje, dia 18 de outubro de 1964, às 20:00 horas no Pronaos Goiânia, situado a Rua 24 nº 83, 1º andar, sala 7, foi realizada a primeira Convocação Rosacruz nesta cidade, com os seguinte Membros presentes:

01 José Felisberto Filho 1.072-XP
02 Frederico Kotk 14.678-XP
03 Cristovão Vieira Morais 23.306-P
04 Azarias Marques da Silva 21.506-P
05 Terezinha Ferreira Marques 21.506-P
06 ... Silva ...  
07 Sebastião de Barros Menezes 10.434-XP
08 Augusto José Alves 23.024-P
09   11.669-XP
10 Salomão Affiune Neto 22.424-P
11 Waldeck B. Vieira 2.967-XP
12 Sinfrônio Souza Filho 22.453-XP
13 João Rodrigues da Silva 22.530-P
14 Honorio M. Rocha 9.651-XP
15 Célio Slyfitch 23.564-P
16 João de Souza L. Filho  
17 Heliodoro Rodrigues 8.826-XP
18 Cristalino José da Costa 24.751-P
19 Paulo M. Valadares 21.787-P
20 Jamil de Ribeiro  
21 José Benedito P. 17.979-XP
22 João Baptista dos Santos 18.615-XP

Convocação encerrada às 21:15 horas.

As convocações aconteciam sempre aos domingos: “Domingo do Pronaos”. Mas não ficaram lá por muito tempo, porque no prédio moravam estudantes e eles faziam muito barulho; os membros entravam com certo receio. Por isso, o Pronaos se mudou para a Av. 24 de outubro nº 6, 1º andar, sala 06, um prédio depois do cine Avenida, em janeiro de 1966. Era um local maior que o anterior e nesse novo local, em março de 1966 foi eleito o segundo Mestre, Frater Azarias Marques da Silva, tendo como Secretário o Frater Licínio Leal Barbosa e como Guardião o Frater Salomão Affiune Neto.

O terceiro mestre Frater João Pinto de Souza foi eleito em 67, juntamente com o Secretário Frater Sinfrônio Souza Filho e Guardiã Soror Maria Helena Naves. Neste ano os rosacruzes de Goiânia receberam a doação de um terreno na Vila Brasília contendo a base do projeto das Mãos Postas, de autoria do engenheiro Hermínio Pedroso, erguido no norte do terreno.

Sobre essa doação, temos duas versões complementares. O Frater Sinfrônio Souza Filho relatou que havia a preocupação em estabelecer um local próprio e que a ideia inicial teria partido do Frater Licínio Leal Barbosa, que tomou conhecimento de um local, uma igreja, de propriedade do Dr. José Peixoto da Silveira, iniciada para que lá funcionassem igrejas em caráter ecumênico. A partir daí quatro membros foram a Brasília fazer contato e efetivar o recebimento da doação. Teriam de conservar o desenho, o projeto não poderia ser alterado na construção das Mãos Postas. Sabiam que não seria fácil, embora a estrutura já estivesse levantada, era longe e isolado. Conforme afirmou Hulda Cedro, “havia apenas seu arcabouço, em área agreste e inóspita”.

Terreno e Estrutura do Templo das Mãos Postas da Loja Rosacruz Goiânia

A Soror Terezinha Ferreira Marques relatou que seu marido, Frater Azarias, ia frequentemente à fazendinha ou chácara do Dr. Peixoto da Silveira busca-lo para voar; era piloto dele. Era um caminho estreito e nesse trajeto havia vários lotes também dele, e entre esses lotes o terreno das Mãos Postas. O Frater Azarias ficou curioso quanto à razão dele estar construindo aquele projeto. O Dr. Peixoto da Silveira explicou que já havia buscado várias pessoas ou entidades religiosas para doar, mas que não havia dado certo. Foi quando o Frater Azarias falou sobre a fraternidade rosacruz e pediu para que doasse a ela. O Dr. Peixoto respondeu afirmativamente, dizendo que iria doar.

No Pronaos todos ficaram entusiasmados. O Frater Azarias entrou novamente em contato com o Dr. Peixoto da Silveira e em seguida escreveu para a Soror Maria Moura, em Curitiba. A Grande Loja solicitou por carta os detalhes, a metragem, todas as informações e documentações. Depois de vários contatos a doação se efetivou.

Em 1968 foi eleito Mestre o Frater Natálio Arantes de Resende, período em que o Pronaos se mudou para a Rua 3 nº 952, sala 1, em cima da Radelgo, momentoem que a despesa aumentou. No começo o Pronaos era costume o próprio Mestre assumir as despesas.

O quinto Mestre foi eleito em 1969, Frater Henrique A. Peclat Neto. O aluguel pesava e em comum acordo com os oficiais pediu autorização à Grande Loja para adormecer o Pronaos enquanto durasse a construção das Mãos Postas. Nessa carta, justifica que o aluguel anterior era de Cr$ 120,00 e que não havia sido encontrada outra sala pelo mesmo preço. Em maio, recebeu a autorização para tornar o Pronaos inativo, assim como para contatar os membros rosacruzes existentes em Goiânia. Foi enviado convite aos Membros para unir esforços, abrindo assim uma campanha para a realização da obra na Vila Brasília. O mobiliário ficou guardado na Loja Maçônica Liberdade e União 1158, situada na Av. Goiás.

Em julho de 1970 a Grande Loja nomeou uma Comissão para arrecadar fundos e organizar uma Assembleia Geral para tratar da instalação do futuro Capítulo: Presidente, Wilton Honorato Rodrigues; Secretário, João Pinto de Souza; Tesoureiro, Celso Afonso Ludovico Lacerda. A Comissão se reunia na Loja Maçônica Liberdade e União, cedida para este fim. Reuniões administrativas também foram realizadas no pátio da futura sede, aos domingos, e essas reuniões foram chamadas de Reuniões ao Sol.

Para levantamento de fundo, foi elaborado em Livro de Ouro, e passado entre os Fratres e Sorores. Em seguida foi cercado o terreno, colocados postes e iniciadas a construção em baixo das Mãos Postas. A prefeitura de Goiânia fez a terraplanagem da área e grande esforço foi realizado para a conclusão da parte interna da obra, mantendo os moldes originais.

Novo impulso foi dado para a conclusão da parte interna da obra e respectiva instalação de seu grupo dirigente.

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Abel Tolentino

Atualização 09/02/2024

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